Monica, um dos melhores títulos de revista é da PUC-RIO: "O que nos faz pensar". Essa é a maior missão de uma revista acadêmica. Pelo seu texto, esse era e é o seu desejo: fazer pensar. De fato, o canal no Youtube, mesmo os seus textos na grande mídia, não conseguem cumprir essa tarefa: fazer pensar. Porquê? Resposta óbvia: o fã não troca "logos", argumentos. Ele simplesmente bate palma. O adversário quer te destruir, não argumentar. No limite, Youtube, artigos (não sei até que ponto o Twitter pode cumprir essa tarefa de espaço de discussão com sua limitação de toques) não podem conformar espaços de debate. O problema não é Mônica e sim a ausência de uma esfera pública de debate.
Isso me remete à noção de 'isegoria', que implicava num espaço para o debate (a Ágora), mas também sujeitos dispostos a isso, a trocar os 'lógos', dispostos a pensar em público.
Enfim, entendo sua posição, mas no Brasil esse espaço para pensar, onde nossos argumentos sejam tensionados está restrito a pequenos grupos na academia ou coletivos, esses em geral pouco acessíveis, que formam 'igrejinhas' com forte tendência ao sectarismo. Talvez nos EUA haja uma 'esfera pública' para o debate. Mas aqui, anos de hegemonia de uma mídia estúpida, um formação intelectual de baixo nível, pseudos intelectuais que se recusam ao debate, enfim, inúmeros fatores geraram o que chamo de cultura da "lacração" e do cancelamento (parece que estamos vivendo "O sobrinho de Rameau" de Diderot, na qual o exibicionismo era a meta). Nada mais obscurantista do que essas atitudes.
Dito isso, o desafio posto é fazer o Brasil pensar (não digo pensar de novo), fazer com que se instaure um "debate público" verdadeiro, aberto, com regras, na qual os argumentos sejam tensionados, submetidos à verificação de validade, questionados honestamente, contra argumentados.
Você tentou, contudo viu o tamanho da encrenca. Todavia o desafio se mantém: pensar, fazer pensar e construir um esfera pública para isso se realizar.
Estou aberto para conhecer um lócus desejável como esse e, se possível, poder participar.
Pensamento sempre foi mercadoria, mas de outro propósito.
Quem adquiria pensamento estava em busca de esclarecimento, de conhecimento, de provocação e ferramentas para assim aprimorar o seu próprio.
Desde que debate virou combate, pensamento virou munição.
Quando foi a primeira vez que ouvimos “eu te desafio para um debate”, assim, neste tom de rinha de galo, como algo que terá um ganhador e um perdedor nocauteado?
Pensamento é munição. Para mim ou para meu inimigo. Então eu idolatro quem me fornece munição ao ponto de contranger meu fornecedor que não tinha esta intenção. E também odeio quem fornece munição ao meu inimigo, com quem vou debater/combater diariamente nas redes sociais.
Bons tempos em que o debate era em uma mesa e não em uma arena.
Não aprecio assistir a vídeos ao vivo no Youtube porque impedem a aceleração que é de minha preferência. Por isso raras vezes comento em vídeos que assisto.
Recordo-me de um vídeo em que você reclamava de uma tal “Turma da Monica” que seus seguidores estavam tentando formar e tal. Por outro lado, você mesma tratava certos membros recorrentes do canal com farta atenção, chamando-os nominalmente, saudando-os recorrentemente, comemorando aniversários e afins.
Ou seja, acho que essa aproximação espúria pode ter ocorrido, mesmo que sem maldade, de parte a parte.
(Ficou implícito para mim que algo mais específico e desagradável ocorreu, mas beleza.)
Finalizo com uma citação: “Quem se mistura ao povo para lhe mostrar uma poesia, uma obra de arte ou um projeto político se torna escravo da maioria mais que o necessário (...) e assim o obrigam a fazer o que agrada a eles.” (Platão – A República)
P.S.: Uma sugestão é que volte ao canal apenas gravando vídeos - e não fazendo aparições ao vivo.
Assim as coisas se tornam mais formais e distantes.
Entre preto e branco tem vários tons de cinza, por isso acho o 'fim' do canal um exagero. Acho que seu ponto fica claro nesse texto, mas ainda assim vc ocupou/ocupa um espaço importante, talvez algum meio termo em um conteúdo com feedback menos direto do que as lives ,e/ou que te expusesse menos fosse uma alternativa melhor, comparado ao fim abrupto.
é difícil no brasil quem saiba trabalhar o logos na retórica, no geral o debate é entre ethos e pathos. e no que se refere a ethos é mais autoridade que credibilidade.
Sábia decisão, nem que seja temporal, sua contribuição é muito importante para o debate nacional, mas o nível de exposição estava demais para uma "pessoa" que tem inúmeras atividades de grande relevância também para o mundo acadêmico. Como bacharel em Ciências Econômicas, lamento perder suas aulas tão pragmáticas e esclarecedoras. TMJ :-)
Mais uma vez agradeço por ter nos presenteado com suas aulas. Melhor admirar um pássaro livre demostrando toda sua potencialidade do que vê-lo cantando em gaiola. Aquele que o alimenta tira sua liberdade de ser pássaro.
Já tinha ouvido o podcast e fiquei surpresa, achei que o motivo estava nos heaters, mas entendi, vi muitos seus vídeos, fez muito sentido esse texto. Muito boa reflexão, sempre gerando pensamento crítico! Eu sou grata pelo aprendizado em Economia e suas interdisciplinariedades, imunologia, vacina, eleição EUA... pra mim era um canal de conhecimentos gerais. Lá acessei excelentes referenciais, que continuo seguindo. Enfim, tudo tem seu tempo. Obrigada Profa. Mônica.
Sou muito grata pelo canal, pois, através dele aprendi muito sobre economia e conheci pessoas, como Élida Graziane e Preto Zezé, que fazem debates esclarecedores sobre temas importantes. Obrigada por compartilhar conhecimento.
Monica, um dos melhores títulos de revista é da PUC-RIO: "O que nos faz pensar". Essa é a maior missão de uma revista acadêmica. Pelo seu texto, esse era e é o seu desejo: fazer pensar. De fato, o canal no Youtube, mesmo os seus textos na grande mídia, não conseguem cumprir essa tarefa: fazer pensar. Porquê? Resposta óbvia: o fã não troca "logos", argumentos. Ele simplesmente bate palma. O adversário quer te destruir, não argumentar. No limite, Youtube, artigos (não sei até que ponto o Twitter pode cumprir essa tarefa de espaço de discussão com sua limitação de toques) não podem conformar espaços de debate. O problema não é Mônica e sim a ausência de uma esfera pública de debate.
Isso me remete à noção de 'isegoria', que implicava num espaço para o debate (a Ágora), mas também sujeitos dispostos a isso, a trocar os 'lógos', dispostos a pensar em público.
Enfim, entendo sua posição, mas no Brasil esse espaço para pensar, onde nossos argumentos sejam tensionados está restrito a pequenos grupos na academia ou coletivos, esses em geral pouco acessíveis, que formam 'igrejinhas' com forte tendência ao sectarismo. Talvez nos EUA haja uma 'esfera pública' para o debate. Mas aqui, anos de hegemonia de uma mídia estúpida, um formação intelectual de baixo nível, pseudos intelectuais que se recusam ao debate, enfim, inúmeros fatores geraram o que chamo de cultura da "lacração" e do cancelamento (parece que estamos vivendo "O sobrinho de Rameau" de Diderot, na qual o exibicionismo era a meta). Nada mais obscurantista do que essas atitudes.
Dito isso, o desafio posto é fazer o Brasil pensar (não digo pensar de novo), fazer com que se instaure um "debate público" verdadeiro, aberto, com regras, na qual os argumentos sejam tensionados, submetidos à verificação de validade, questionados honestamente, contra argumentados.
Você tentou, contudo viu o tamanho da encrenca. Todavia o desafio se mantém: pensar, fazer pensar e construir um esfera pública para isso se realizar.
Estou aberto para conhecer um lócus desejável como esse e, se possível, poder participar.
"Tá difícil!!!".
Saudações
José Antônio
Monica,
Qd fui fazer Filosofia na Puc, recentemente, (tinha 70 anos) uma professora me disse: vais perder muitos amigos...
Aconteceu.
Você é necessária ,nos ajuda a pensar melhor o Brasil .
Obrigada
Uma ilusão pequeno burguesa acreditar que o pensamento não é mercadoria, sorry.
Obrigada por tanto, Mônica. Sinceramente: sinto muito. Fico com uma sensação que estou deixando de aprender coisas importantes.
Pensamento sempre foi mercadoria, mas de outro propósito.
Quem adquiria pensamento estava em busca de esclarecimento, de conhecimento, de provocação e ferramentas para assim aprimorar o seu próprio.
Desde que debate virou combate, pensamento virou munição.
Quando foi a primeira vez que ouvimos “eu te desafio para um debate”, assim, neste tom de rinha de galo, como algo que terá um ganhador e um perdedor nocauteado?
Pensamento é munição. Para mim ou para meu inimigo. Então eu idolatro quem me fornece munição ao ponto de contranger meu fornecedor que não tinha esta intenção. E também odeio quem fornece munição ao meu inimigo, com quem vou debater/combater diariamente nas redes sociais.
Bons tempos em que o debate era em uma mesa e não em uma arena.
Excelente.
Não aprecio assistir a vídeos ao vivo no Youtube porque impedem a aceleração que é de minha preferência. Por isso raras vezes comento em vídeos que assisto.
Recordo-me de um vídeo em que você reclamava de uma tal “Turma da Monica” que seus seguidores estavam tentando formar e tal. Por outro lado, você mesma tratava certos membros recorrentes do canal com farta atenção, chamando-os nominalmente, saudando-os recorrentemente, comemorando aniversários e afins.
Ou seja, acho que essa aproximação espúria pode ter ocorrido, mesmo que sem maldade, de parte a parte.
(Ficou implícito para mim que algo mais específico e desagradável ocorreu, mas beleza.)
Finalizo com uma citação: “Quem se mistura ao povo para lhe mostrar uma poesia, uma obra de arte ou um projeto político se torna escravo da maioria mais que o necessário (...) e assim o obrigam a fazer o que agrada a eles.” (Platão – A República)
P.S.: Uma sugestão é que volte ao canal apenas gravando vídeos - e não fazendo aparições ao vivo.
Assim as coisas se tornam mais formais e distantes.
Entre preto e branco tem vários tons de cinza, por isso acho o 'fim' do canal um exagero. Acho que seu ponto fica claro nesse texto, mas ainda assim vc ocupou/ocupa um espaço importante, talvez algum meio termo em um conteúdo com feedback menos direto do que as lives ,e/ou que te expusesse menos fosse uma alternativa melhor, comparado ao fim abrupto.
é difícil no brasil quem saiba trabalhar o logos na retórica, no geral o debate é entre ethos e pathos. e no que se refere a ethos é mais autoridade que credibilidade.
Sempre pensando fora da caixa e nos tirando da zona de conforto nos conduzindo à reflexão por ângulos diferentes.
Sábia decisão, nem que seja temporal, sua contribuição é muito importante para o debate nacional, mas o nível de exposição estava demais para uma "pessoa" que tem inúmeras atividades de grande relevância também para o mundo acadêmico. Como bacharel em Ciências Econômicas, lamento perder suas aulas tão pragmáticas e esclarecedoras. TMJ :-)
Mais uma vez agradeço por ter nos presenteado com suas aulas. Melhor admirar um pássaro livre demostrando toda sua potencialidade do que vê-lo cantando em gaiola. Aquele que o alimenta tira sua liberdade de ser pássaro.
Já tinha ouvido o podcast e fiquei surpresa, achei que o motivo estava nos heaters, mas entendi, vi muitos seus vídeos, fez muito sentido esse texto. Muito boa reflexão, sempre gerando pensamento crítico! Eu sou grata pelo aprendizado em Economia e suas interdisciplinariedades, imunologia, vacina, eleição EUA... pra mim era um canal de conhecimentos gerais. Lá acessei excelentes referenciais, que continuo seguindo. Enfim, tudo tem seu tempo. Obrigada Profa. Mônica.
Fique tranquila e SEMPRE siga o seu coração!!! Ele está transformando o mundo!!! VIVA O CORAÇÃO VIVA!!!
Sou muito grata pelo canal, pois, através dele aprendi muito sobre economia e conheci pessoas, como Élida Graziane e Preto Zezé, que fazem debates esclarecedores sobre temas importantes. Obrigada por compartilhar conhecimento.
Excelente texto.